Empreendedorismo

Portugal, desde a sua fundação, é um país detentor de uma história muito rica, aventureira e ousada.

Começa desde logo com o comportamento corajoso de várias figuras ímpares, a quem podemos atribuir o planeamento e conceção da Grande Epopeia que foram os “Descobrimentos Portugueses” que, aliado ao comportamento aventureiro de tantos navegadores, tornaram possível “navegar por mares nunca dantes navegados”. Não podemos também esquecer os feitos extraordinários de Marquês de Pombal, da Grande reconstrução da cidade de Lisboa – após o devastador terramoto de 1755, da Revolução do 25 de Abril, cuja ação determinada e concertada dos Capitães de Abril permitiu derrubar o então regime político autocrático. Também não podemos esquecer todos os empreendedores e empresários da nossa história recente que criaram empresas, grupos económicos e organizações sociais a quem atribuímos o “feito” corajoso, audaz e empreendedor, que os levou a identificar novas oportunidades e a propor novos projetos e iniciativas diferenciadoras e geradoras de valor. Isto é empreender! Como empreendedores de sucesso, poderemos destacar os empresários recentemente falecidos Belmiro de Azevedo, Alexandre Soares dos Santos e Pedro Queiroz Pereira, entre muitos outros, que contribuíram de forma relevante para o desenvolvimento do nosso país. Esta história ímpar e audaz leva-nos a equacionar que, embora possam não ser muitos os portugueses empreendedores (individualmente), Portugal é um dos países mais empreendedores do mundo!
Em termos conceptuais, o Empreendedorismo é a tradução da palavra inglesa “entrepreneurship”, que deriva da palavra francesa “entrepreneur” e está associada àquele que assume riscos e cria algo novo. Pode estar associado à iniciativa individual ou coletiva e está ligado à ação, à introdução de risco e à inovação, sejam elas na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou fazer publicidade, agregando novos produtos ou serviços, na criação de novas empresas e negócios. O empreendedor pode ser visto como uma pessoa com um comportamento ativo e colaborativo dentro de uma organização e que introduz inovações, sendo designado como intra-empreendedor ou empreendedor interno.
Assim, no centro de todo o processo está a pessoa e o reconhecimento de problemas, de forma a deles tirar proveitos, vendo mais oportunidades do que problemas criados pelas mudanças. Em síntese, o empreendedor é aquele que é capaz de identificar, agarrar e aproveitar uma oportunidade, reunindo e gerindo os recursos para transformar essa oportunidade num negócio de sucesso. Estando intrinsecamente associado à inovação, envolve proatividade, criatividade, desafio, locus do controlo interno e capacidade de assumir riscos. A chave de sucesso no empreendedorismo e na inovação assenta, assim, na capacidade de um empreendimento/ empresa se deslocar da invenção para a criação de um novo produto, serviço ou processo e sua comercialização.
Em termos práticos e no que concerne ao líder empreendedor, é possível referir que existe uma nova geração que olha para o empreendedorismo como uma excelente oportunidade para criar o seu próprio negócio e desenvolver a sua própria carreira profissional. Adicionalmente, também pode ser encontrada uma geração mais “senior” que não encontra espaço no mercado de trabalho e que se refugia no empreendedorismo, como forma de “escape” para encontrar uma alternativa ao desemprego. Por ser um tema muito amplo e que está intrinsecamente ligado à condição humana, o tema do empreendedorismo assusta muita gente e gera muitos mitos em torno dessa atividade. Assim, mais do que se querer ser empreendedor, é necessário possuir características humanas que o permitam ser. Podendo todos nós ter um papel importante na construção do futuro, todos nós através da nossa atitude podemos empreender e encontrar soluções para as necessidades emergentes.

José Gomes
15-03-2020